"Um designer não é um artista, tenham isso em mente. As indústrias ainda confundem muito isto. É caro? Definitivamente, não.
Se houver perfeita integração do design com a cadeia industrial, recupera todo esse investimento." A advertência é de Ralph Wiegmann, CEO do iF Design. A indústria automóvel é "um caso exemplar" de como o design, integrado desde o início, pode baixar também outros custos, como os de engenharia.
São precisas competências em design para chegar a algo único, detalhou, frisando que "muitas vezes o design feito por técnicos ou engenheiros precisa de ser redesenhado". Líder da organização alemã que atribui um dos prémios mais conceituados a nível mundial - "há demasiados, muitos são desnecessários - , aconselha os gestores a só avançar com a candidatura se for estratégico para a empresa. "Não pode ser algo experimental, para fazer uma vez. Para isso é melhor pegar no dinheiro e ir jantar fora", ironizou Wiegmann.
Numa das sessões paralelas do congresso, Juliane Schulze, da Media Deals, explicou que a criatividade passa por conceber algo original ou não comum, mas "não é necessariamente inovação". Inovação é "aplicar melhores soluções para responder às exigências dos mercados", com pensamento interdisciplinado, iniciativa e questionando os modelos de trabalho.
Foi isso que fez Margarida Máximo na empresa têxtil que começou "não com muita criatividade" a produzir grandes séries para clientes em Londres. Até que resolveu parar e pensar o que podia fazer de diferente. "Apostar na criatividade e no 'design thinking' foi uma questão de sobrevivência. Não se podem continuar a cometer os mesmos erros quando temos 20 pessoas a cargo. Tínhamos de pensar diferente e apostar no design", relatou a líder da TMR Fashion Clothing, que hoje exporta 100% para dezenas de países e vai lançar marca própria. "Peço aos empresários que não olhem só ao dinheiro, que dêem uma oportunidade a estes jovens designers cheios de novas ideias", reclamou a empresária vimaranense.
